Começou a operar no início da tarde do último sábado (17) a mina de ferro do complexo S11D Eliezer Batista, no município de Canaã dos Carajás. O botão acionando o dispositivo que fez movimentar a primeira composição transportando o minério da mina foi acionado pelo ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho, juntamente com o diretor-presidente da Vale, Murilo Ferreira; deputado estadual, João Chamon (PMDB), representando o presidente da Assembleia Legislativa do Estado; prefeito de Canaã do Carajás, Jeová Andrade; além de outras autoridades.
O ministro de Minas e energia representou o presidente da República, Michel Temer que devido as fortes chuvas na região de Carajás não pôde comparecer à cerimônia de inauguração daquele que é considerado o maior projeto de mineração do mundo, uma vez que a [única] pista de pouso em condições de receber o avião presidencial teve que ser interditada por causa do temporal.
A solenidade contou ainda com a presença de representantes dos principais acionistas da Vale (Bradesco, Mitsui e Previ), de ex-dirigentes e funcionários da mineradora e de representantes das empresas fornecedoras de bens e serviços para o empreendimento.
Durante a cerimônia foi feita homenagem ao engenheiro Eliezer Batista, que empresta nome ao projeto e foi o primeiro presidente da Vale, quando a empresa ainda era conhecida como Companhia Vale do Rio Doce. Na ocasião foi exibido um vídeo com depoimento dele, e um funcionário da empresa, o engenheiro Leno Bravo, foi escolhido pelo próprio Eliezer, que não pode vir devido a problemas de saúde, para ler a mensagem que ele redigiu para ser lida na solenidade.
Em seu pronunciamento, o presidente da Vale, Murilo Ferreira, destacou que o complexo S11D marca o momento mais relevante da história da empresa e se constitui em um novo marco na indústria da mineração. “Para além de um empreendimento que agrega tecnologia de ponta, baixo custo e alta produtividade, o S11D expressa a capacidade de realizar de nossa empresa”, frisou, enfatizando que a Vale aceitou o desafio de implantar uma das maiores operações de minério de ferro do mundo mesmo diante de um cenário externo de incertezas.
Processo
A decisão de implantar o projeto foi tomada em 2011, quando o minério de ferro chegou a 190 dólares por tonelada, caindo depois para 37 dólares, fazendo com que as receitas da empresa despencassem para cerca de 80%. “O Brasil passa por um momento difícil, mas nem por isso a Vale deu as costas ao seu passado glorioso, e temos certeza de que os processos de controle de qualidade e inovação contarão uma nova história da Vale”, acredita Murilo.
O prefeito de Canaã dos Carajás, Jeová Andrade, destacou a importância do projeto para a economia de Canaã e disse que estará sempre em tratativas com a empresa na busca por melhorias e investimentos na infraestrutura do município que resulte em maior qualidade de vida para a população.
Na avaliação do deputado estadual, João Chamon, o projeto é de vital importância não só para o Brasil, mas para o mundo. No entanto, o parlamentar pontuou a necessidade de se discutir com a empresa os investimentos sociais a serem feitos, a fim de que não se prolifere os indesejáveis bolsões de miséria, que sempre se criam em torno de grandes projetos, dando como exemplo o projeto Carajás.
“Nós estamos brigando há muito tempo por essas compensações e já avançamos muito em alguns pontos. Esperamos que agora, no caso do S11D, elas sejam proporcionais às demandas sociais que virão. No mais, estou entusiasmado com o projeto”, disse o deputado, lamentando a ausência do presidente Michel Temer.
Paradigma
O ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho, classificou o momento como um novo paradigma para o País, pela séria de novidades tecnológicas, que tornam o projeto único no mundo. Ele destacou a exploração a seco e o uso do sistema trukless, que é um conjunto de estruturas compostas por escavadeiras e britadoras móveis, interligado por correias transportadoras.
“Eu tive a oportunidade de vir aqui há poucos mais de mês e conhecer toda estrutura que envolve o projeto. É sem dúvida uma grande aposta no setor mineral, onde ainda temos grandes riquezas a serem exploradas. É um projeto que chega em um momento que País mais precisa produzir divisas e gerar emprego e renda”, destacou o ministro.
Ainda segundo ele, o projeto vai trazer um incremento na balança comercial brasileira em nível internacional em mais de 20% do setor mineral. Coelho destacou que a valorização do real frente ao dólar está dando um impulso às exportações brasileiras, e com a entrada no mercado do S11D, esse cenário só tende a melhorar. “Isso anima os investidores internacionais, que vão olhar o Brasil com muito mais atenção”, disse.
Projeto emprega tecnologia de ponta a baixo custo
Quando em plena produção, o complexo terá capacidade para produzir 90 milhões de toneladas de minério de ferro de alta qualidade. Entre as novidades, que o diferencia dos demais empreendimentos de extração de ferro no Brasil e no mundo, o S11D utiliza correias transportadoras ao invés de caminhões para o transporte de minério e estéril. O beneficiamento do minério usará umidade natural, sem adição de água ao processo, o que dispensa a necessidade de barragens de rejeito. A taxa de produtividade será altíssima, de 45 mil toneladas/homem/ano), e terá um dos mais baixos custos de produção no mundo – a previsão é de US$ 7,7 por tonelada.
O projeto entra em operação comercial em janeiro de 2017 e marca uma história de 15 anos, iniciada em 2001, quando foram feitos os primeiros estudos de capacidade técnica e viabilidade econômica. A Licença Prévia (LP) saiu em junho de 2012 e um ano depois foi emitida a licença de instalação (LI). No dia 9 deste mês saiu a Licença de Operação (LO).
A vida útil da mina está estimada em 30 anos. Na implantação do complexo foram investidos US$ 14,3 bilhões. O investimento em logística inclui o Pará e o Maranhão. Dos US$ 14,3 bilhões, US$ 6,4 bilhões foram aplicados na implantação da mina e da usina, e US$ 7,9 bilhões na construção de um ramal ferroviário de 101 quilômetros, na expansão de 504 quilômetros da Estrada de Ferro Carajás (EFC) e na ampliação do Terminal Marítimo de Ponta da Madeira, em São Luís (MA).
Inicialmente, entra em operação apenas uma das três linhas de produção da usina (cada uma com capacidade de 30 milhões de toneladas/ano). Em 2018, entra a segunda linha, e a terceira passa a operar em 2019. Em 2020 o S11D deve finalmente chegar aos 90 milhões de toneladas, a não ser que o mercado tenha uma demanda diferente da esperada, determinando uma necessidade de mudança do cronograma. Hoje, a estimativa é que a produção da Vale na região Norte em 2030 chegue a 230 milhões de toneladas/ano.
(Tina Santos)
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