Quando a mineira Ivani Moreira, de 51 anos, aceitou o desafio de operar um caminhão fora de estrada de 150 toneladas, em 1998, ela não imaginava que o ato se tornaria um símbolo de força e empoderamento feminino para tantas outras mulheres que viriam depois dela.
Hoje, Ivani passa o bastão, ou o volante, para a também mineira Dayane Araújo, 25, operadora de equipamentos, que se torna a primeira mulher do Brasil a dirigir um caminhão de 72 toneladas 100% elétrico.
O veículo, que substitui diesel por eletricidade proveniente de fontes renováveis, possui capacidade para transportar o equivalente a 80 carros populares, sem emissão de CO2, um dos principais vilões no combate às mudanças climáticas. O equipamento irá operar na mina de Água Limpa, em Minas Gerais. Em 2019, uma grande empresa no ramo de mineração anunciou a meta de zerar suas emissões líquidas diretas e indiretas de gases de efeito estufa (escopos 1 e 2) até 2050. Para isto, estima investir entre US$ 4 bilhões e US$ 6 bilhões.
Ivani foi a primeira mulher do Brasil a dirigir um caminhão fora de estrada em 1998, fato que guarda com muito carinho. “A luta por espaço, visibilidade, oportunidades e igualdade é diária. Presenciei muitos olhares desconfiados, mas com respeito. Amo dirigir, sou habilitada em várias categorias, de moto a carreta. Foram 9 anos como operadora de equipamentos pesados na Vale. Fui a primeira mulher do país a aceitar o desafio de dirigir um caminhão deste tamanho, de sete metros de altura e onze de comprimento”, conta ela. “Me orgulho de ser mulher, foi preciso muita coragem e dedicação para abrir caminho às operadoras de hoje, sem perder a feminilidade e as unhas bem feitas”, brinca.
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