Um amigo meu, que está num processo de separação, narrou-me suas peripécias pelos motéis de nossa “pacata” Pebinha de Açúcar! Tentarei ser fiel à narrativa dele. Sabem como são os amigos…
É incrível, mas nestes nossos tempos tão modernos, em que os namorados dormem nas casas das namoradas e vice-versa, os motéis ainda insistem em resistir! Basta um click numa página de pesquisa, para ver que o setor está em crise. Em Parauapebas, não é diferente. A crise no setor se faz notar pela falta de manutenção nos apartamentos. Quanto aos preços praticados, em média 50 reais por duas horas em apartamentos simples, podendo variar para até 250 reais em suíte de luxo, são, basicamente, os mesmos em todos os motéis.
Praticamente, todos exigem o pagamento na saída, o que é um transtorno para aqueles que têm medo de ser vistos! Note-se que, segundo um dos donos destes motéis, uma boa parte dos frequentadores é composta de pessoas casadas que estão dando aquela “escapadinha”, uma forma muito natural de manter o casamento, a união, estáveis!
O melhor deles fica nas proximidades da FAP. Apartamentos bonitos e confortáveis, bem decorados. E, se você passar uns 10 minutos do tempo, eles não cobram aquela hora a mais! A comida é boa e de preços acessíveis. O grande problema: muriçocas, carapanãs! Este meu amigo deu uns tapas nos glúteos da mulher e ela gritou: “bata mais”! Só que ele estava era matando as terríveis muriçocas! Mas a amante começou a gritar que ele batesse mais! E ele bateu!! “Bata na cara!!”, gritava ela! “Mas, meu amor… Vou te machucar…”, sussurrava ele. “Bata, po…! Tu né macho não!” Então ele bateu! Mas o soco na cara foi tão forte, que a mocreia desmaiou. Ele ficou doido, claro. Pensou que tivesse matado a coitada!
Água quente, para quem gosta, nem pensar. Não há. Aliás, o único em que meu amigo encontrou água quente foi naquele motel pro lado das chácaras. O problema, segundo ele, é que se passar um minuto depois de duas horas, o programa de computador lança a outra hora! Este meu amigo já presenciou alguns barracos na portaria por causa disto. Mesmo sendo o motel mais barato, está perdendo clientes por causa desta prática! Além do mais, só aceita pagamento em dinheiro vivo! E haja película escura! Os vizinhos estão sempre nas varandas com celulares de prontidão!
Um dos mais antigos e frequentados motéis da cidade, próximo do viaduto na PA 275, já foi o paraíso de muitos amantes! Eu que o diga! (Ops…) Mas, também, se passar um minuto do tempo, te cobram uma hora mais. O barulho externo atrapalha quem procura um local para relaxar. Alguns portões das garagens fazem mais barulho para abrir e fechar que ferreiro na mata de Carajás!
Na PA 160 há dois motéis. É o que meu amigo diz. Eu não sei dizer se é verdade. Um deles fica na saída para Canaã. Por fora é tão feio e de difícil acesso que não dá para crer que tem dias que não há vagas! O outro fica no lado oposto, próximo das casas populares. Um dos melhores, ou o segundo em qualidade, segundo meu amigo. O melhor atrativo são os “touros” nos quartos. Montar naqueles bichos com a amante é uma coisa de doido! Os acessórios sexuais chamam a atenção pela variedade e pelos preços em conta. No entanto, cuidado para a mocreia não se interessar muito e se apaixonar por uma coisa daquelas!
E aquela sensação, ao sair do motel, de que todos têm certeza que você saiu de lá? Horrível! Mas, isto está, normalmente, só na sensação! Um dos motéis tinha uma bíblia na cabeceira da cama. Inovação? Sacrilégio? A bíblia estava aberta em “CANTARES DE SALOMÃO”: “Beije-me ele com os beijos da sua boca; porque melhor é o teu amor do que o vinho. Suave é o aroma dos teus ungüentos; como o ungüento derramado é o teu nome; por isso as virgens te amam.”
Como estes motéis não possuem lençóis adicionais, é sempre bom levar um. Alguns, se for pedido, oferecem mais um lençol, mas costumam cobrar pelo serviço extra.
Para quem quer privacidade e dar aquela pulada de cerca, sair com a melhor amiga da namorada ou melhor amigo do namorado, ainda é uma opção mais segura. Mas, todo cuidado é pouco para quem não quer ser visto. Outro dia, este meu amigo foi a um destes motéis e havia um carro na entrada. O motorista reconheceu o carro do meu amigo, desceu e gritou: “Alípio”, quer dizer, “meu amigo”, você por aqui!!” Foi um constrangimento total! Claro que meu amigo não abriu o vidro da janela, apesar da insistência do “sem noção”! A mulher ao lado se encolheu toda, pôs um pano sujo, que estava no compartimento da porta, na cabeça e falou um monte de palavras bonitas!!
Mas, motel não é só para escapadas às escondidas! Vários casais usam destes maravilhosos redutos de amor para encontros! Estudantes, empresas, dentre outros, reservam as enormes suítes para festas e reuniões. Casais passam a lua de mel neles! Até mesmo pais e mães levam seus filhos para conhecerem estes “ninhos de amor”.
Saudade destas peripécias da vida de solteiro. E assim vamos levando a vida e a vida nos levando. Com a consciência tranquila e com a cabeça enfeitada. E somos felizes.
E meu amigo vai rir quando ler este relato!
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