Iniciada na tarde desta quarta-feira (31), a Greve de Fome dos movimentos populares em Brasília foi surpreendida pela truculência e violência da guarda particular do Supremo Tribunal Federal enquanto os seis militantes grevistas liam o Manifesto da Greve de Fome à imprensa presente no local.
Após protocolarem o Manifesto no STF, dando início ao protesto, os grevistas foram agredidos enquanto respondiam à imprensa sobre os motivos e objetivos da Greve de Fome.
“É assim que nós somos tratados nesses espaços de poder. Os trabalhadores quando chegam aos espaços que deveriam ser públicos e do povo são tratados desse modo” denunciou Rafaela Alves, uma das grevistas e militante do Movimento dos Pequenos Agricultores.
Além da guarda privada do prédio do STF, ainda foram acionadas a Polícia Federal e Militar para tirar os militantes do órgão.
Para Rafaela, é necessário que todo o povo mobilize-se contra qualquer tipo de injustiça. “Hoje companheiros e companheiras resolvem colocar suas vidas à disposição de um processo para ajudar na reconstrução dos rumos do nosso país e são tratados dessa forma em um espaço da justiça. Não podemos nos contentar jamais com essas injustiças”.
Luiz Gonzaga, conhecido como Gegê, militante da Central de Movimentos Populares (CMP) reforçou a denúncia: “tentaram nos pisotear como se fossemos bicho, numa atitude vergonhosa. Somos trabalhadores e trabalhadoras que hoje iniciam greve de fome para que o mundo enxergue o que está acontecendo aqui em nosso país”, explicou.
Primeiro dia de greve
“Nossa decisão é só sair da greve de fome no dia em que Lula estiver solto”, destacou Jaime Amorim, do MST.
De acordo com Amorim, Lula representa a possibilidade de retomar a dignidade ao povo brasileiro. “Nós nos colocamos em greve de fome, sabendo do sacrifício pessoal de cada um, como uma medida extrema contra essa injustiça que está acontecendo em nosso país, defendendo a liberdade de Lula, como o caminho para defesa da ordem democrática, da soberania nacional e da dignidade do povo”.
Antes mesmo dos grevistas chegarem ao prédio do STF, dezenas de apoiadores e apoiadores já se concentravam na Praça dos Três Poderes com faixas e palavras de ordem em apoio e solidariedade à greve de fome.
“Qualquer coisa que acontecer com qualquer um de nós têm responsáveis, com nome e sobrenome: as Ministras Cármem Lúcia e Rosa Weber e os Ministros Edson Fachin, Luiz Fux, Luiz Roberto Barroso e Alexandre de Moraes”, disse Frei Sérgio, militante do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) aos presentes.
Iniciando o protesto, os militantes lançaram o “Manifesto da Greve do Fome”, onde apresentam para a sociedade os objetivos e as razões para a realização da greve.
“Nossa opção por esse gesto extremo de luta decorre da situação extrema na qual se encontra nossa Nação”, destaca trecho do manifesto assinado pelos seis grevistas. O documento que foi protocolado no STF denuncia o Poder Judiciário e seu ataque à Constituição.
Confira o manifesto na íntegra:
MANIFESTO DA GREVE DE FOME
Nós, militantes dos movimentos populares do campo e da cidade, ingressamos conscientemente na “Greve de Fome por Justiça no STF”, iniciada no dia 31 de Julho de 2018 em Brasília, por tempo indeterminado.
Nossa opção por esse gesto extremo de luta decorre da situação extrema na qual se encontra nossa Nação, com a fome e as epidemias retornando e o desemprego desgraçando a vida de nosso povo.
O que motiva nossa decisão é a dor e o sofrimento dos brasileiros e brasileiras.
Nossa determinação nasce também pelo fato de que o Poder Judiciário viola a Constituição e impede o povo de escolher pelo voto, soberanamente, o seu Presidente e o futuro do país.
BRASÍLIA – DF, 31 DE JULHO DE 2018
Por Gustavo Marinho
Da Página do MST
Fotos: Luiz Fernando
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