A realização das obras do derrocamento do Pedral do Lourenço é comemorada por empresários da região, não só pelo benefício para o próprio negócio como pelo potencial de desenvolvimento regional, que influencia diretamente as empresas e a economia local. A obra já é uma realidade e vai melhorar o escoamento de grãos e produtos siderúrgicos, consolidando o Pará e a região Norte como importante corredor logístico.
Caetano Candido dos Reis Neto, presidente do Conselho de Jovens Empresários de Marabá, entidade ligada a jovens empresários com até 40 anos da Associação Comercial e Industrial de Marabá (ACIM), destaca a relevância da obra que tornará Marabá uma das poucas cidades no mundo com 4 modais logísticos ativos.
“Não temos dúvidas de que o derrocamento trará mais empreendimentos”, diz Neto. “E nós, jovens empresários, trabalharemos para que tenhamos mais desenvolvimento do agronegócio e mais indústrias que irão se instalar no polo metalmecânico oriundo da possível verticalização mineral na beira do rio Tocantins”. Para ele, esses aspectos irão tornar Marabá e o Pará mais competitivos, pois ainda existem outros projetos logísticos que estão caminhando em paralelo ao derrocamento.
É também com otimismo que o empresário Alexandre Carvalho, presidente do Sindicato dos Operadores Portuários do Estado do Pará (Sindopar) e CEO da Majonav Transporte Fluvial da Bacia Amazônica, destaca a realização do derrocamento. Carioca, ele mora no Pará há 30 anos no Estado, e já se considera um paraense. Carvalho afirma que a iniciativa do Ministério dos Transportes tornará realidade a vocação natural do Pará de grande corredor logístico fluvial do País.
CUSTOS
“Apenas para dar uma ideia da urgência desta obra, para transportar o mesmo volume de um navio de 50 mil toneladas, são necessárias 1.850 viagens de caminhão. Com o derrocamento concluído, essa mesma carga poderia ser movimentada por quatro comboios de balsas, transportando 12.500 toneladas cada”, explica o empresário.
“Dá para imaginar a redução de custos? Dá para imaginar o quanto ecologicamente vantajoso seria?”. Para ele, a capacidade da Hidrovia do Tocantins é imensurável e trará competitividade aos produtos nacionais. “O impacto ambiental já está sendo estudado. Ecologicamente, haverá ganhos inquestionáveis”,
completa Carvalho.
Setor mineral define obra como estratégica
Diretor executivo do Movimento Pró-Logística, Edeon Vaz destaca a vantagem competitiva que as obras do Pedral do Lourenço trarão não só para o agronegócio, como também para o setor mineral. Para ele, é a oportunidade de retomada da indústria de ferro-gusa no estado do Pará, onde o projeto da Aços Laminados do Pará (Alpa) foi iniciado pela Vale e posteriormente interrompido para, agora, anunciar sua retomada por meio da argelina Cevital.
“No passado, a região de Marabá iniciou o projeto da Alpa. Com a saída do ex-presidente da Vale, Roger Agnelli, teve seu cronograma suspenso. Muitas empresas quebraram, houve retração no comércio e serviços”, conta Vaz. “Agora, com a Cevital anunciando a retomada da Alpa e, somando-se a isso, as obras do derrocamento do Pedral, a indústria de ferro-gusa se tornará novamente competitiva na região”.
EXPORTAÇÃO
Ele destaca que, dessa forma, o setor mineral vai novamente despontar em Marabá e a hidrovia do Tocantins será um importante caminho para a exportação de ferro-gusa, grãos e demais produtos. Falando especificamente de agronegócio, Edeon Vaz acrescenta que, apenas no Sudeste do Pará, existem áreas aptas para plantio de soja e milho equivalentes a 1,6 milhão de hectares, hoje destinados a pastagem. “Sem Desmatamentos, essas áreas de pastagem podem gerar 8 milhões de toneladas de grãos ao ano, que podem ser exportadas pela hidrovia do Tocantins, estando o trecho do Pedral navegável
por todo o ano”, destaca
Projeto otimizará logística do Estado do Pará
O presidente do Sindicato das Indústrias Minerais do Estado do Pará (Simineral), José Fernando Gomes Júnior, afirma que o setor está aguardando a obra, para que o Estado tenha um complexo logístico completo. “Se tivermos uma plataforma logística com uma hidrovia perene durante os 12 meses do ano, poderemos viabilizar várias minas que hoje estão no Sul e no Sudeste do Estado e que não são viabilizadas”, explica. “Elas se tornarão realidade com o escoamento de toda essa produção. E não só para o mercado externo. Haverá importante contribuição para o mercado interno”.
Ricardo Pugliesi, executivo da Siderúrgica Sinobras, no Pará, afirma que investimentos na cadeia do aço, verticalização de produtos siderúrgicos e a expansão da fronteira agrícola e pecuária são esperados a partir do derrocamento do Pedral do Lourenço. “O Pará tem uma localização geográfica estratégica e privilegiada, em função de sua vocação multimodal. O Pedral do Lourenço é fundamental para todos que dependem de uma navegação permanente na hidrovia Tocantins-Araguaia”, declara Pugliesi. Para ele, a obra vai acelerar o desenvolvimento e permitir a implantação de um novo conceito logístico. na região.
(Diário do Pará)
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