ONALICIO BARROS E VALENTIM SERRA: 20 Anos de Impunidade !
– Por nossos mortos, nenhum minuto de silêncio, mas toda uma vida de luta!-
No dia 26 de Março de 1998, a exatamente 20 anos, tombavam na Região de Carajás, os companheiros ONALICO ARAUJO BARROS, conhecido entre os trabalhadores rurais como “FUSQUINHA”, e o companheiro VALENTTIM SERRA, conhecido por todos como “DOUTOR”.
Fusquinha e Doutor, ambos residentes e assentados no Projeto de Assentamento Palmares, vinham de uma tradição de combatentes pela Reforma Agrária.
Valetim Serra, nome do companheiro Doutor, vinha da região de Viana do Maranhão, lá ligado a luta do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, era figura de importância na luta pela posse da terra que dominava o cenário naquele período . Em 1994 se desloca para Parauapebas, onde se incorpora ao Acampamento que dá origem ao Assentamento Palmares. Doutor, quando tombou , era tesoureiro da associação Aprocpar, na gestão comandada pelo companheiro, já falecido, JOAQUIM RIBEIRO DOS SANTOS.
Onalício Barros, fazia parte do grupo que deu origem ao MST no Pará, oriundo de família de camponeses sem terra que migrara para o Sul do Pará, ajudou na libertação de vários territórios do jugo da opressão do latifúndio, entre esses o Assentamento Ingá, Rio Branco, Palmares, Primeiro de Março, Mártires de Abril, João Batista e vários territórios liberados não ligados ao MST, hoje sob domínio da classe trabalhadora do campo.
Fusquinha era um dos dirigentes mais respeitados pela base do Movimento, exemplo de companheirismo e coragem. Caiu no campo de batalha aos 32 anos de idade, deixando uma lacuna da família – que só a mesma pode dar a dimensão – e na organização que fazia parte, o MST. Associado de número dezenove da Aprocpar, foi um dos fundadores da mais antiga Associação de Trabalhadores Rurais de Palmares e Região.
A morte dos dois militantes do MST, se deu quando do despejo (sem mandato judicial) da Fazenda Goiás II (Hoje Assentamento Onalicio Barros), realizado por policias e pistoleiros a serviços dos truculentos latifundiários sob comando de Carlinhos da Casa Goiás e do fazendeiro Donizete , este ultimo acusado por testemunhas da época como o autor dos disparos covardes que levaram a morte Onalicio e Valetim, os dois desarmados.
A trajetória da impunidade que reina em nosso estado, onde as oligarquias rurais dominam a mão de ferro todos os poderes constituintes, mantem esse desumano crime sem justiça, 20 anos depois do acontecido.
O MST e suas organizações locais, assim como aliados, amigos e parceiros, sabem que o sangue de seus mártires, não foi em vão. Os trabalhadores Sem Terra continuam enfrentando de modo desigual o latifúndio ( e conquistando territórios), e centenas de militantes se forjam na luta, assumindo o lugar dos que tombam, levando a frente o legado da luta pela paz, justiça e igualdade no campo, que só virá com a Reforma Agrária.
– Pela punição dos assassinos de Fusquinha e Doutor, e todos aqueles que tombaram na luta pela Reforma Agrária!
– Um Salve aos Mártires da Terra!
– Por nossos mortos, nenhum minuto de silêncio, mas toda uma vida de luta!
Parauapebas, Março de 2018
Coordenação do MST/Pa- Regional Carajás: Mais informações Aqui
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