Entre 1º e 28 de janeiro deste ano, o Pará teve 380 mortes violentas registradas. São 330 homicídios, 11 latrocínios, 1 lesão corporal seguida de morte e 38 óbitos por intervenção policial. Na Região Metropolitana de Belém, o cenário é ainda pior. Belém teve 65 homicídios e Ananindeua, 36. Em toda a RMB são 177 mortes em um mês. Um cenário aterrorizante, que já deveria ter demandado ações urgentes pelo Governo do Estado. Porém, o governador Simão Jatene prefere tocar violão e fazer campanha.
Enquanto Jatene explora sua veia artística, alheio ao faroeste paraense, em outros Estados, a coisa é diferente. No Ceará, por exemplo, uma chacina deixou 14 mortos em uma casa de forró da capital, Fortaleza, e chamou a atenção do Brasil no último sábado (27). O governador cearense, Camilo Santana, decidiu montar uma força-tarefa para comandar as investigações. Na noite de ontem, o governo federal anunciou que daria apoio ao Ceará na área de inteligência, por pedido do próprio Estado.
O Ministério da Justiça enviará ao Estado uma comissão formada por integrantes da Secretaria Nacional de Segurança Pública, Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e Departamento Penitenciário Nacional – este último incluído após nove mortes em uma cadeia no município de Itapajé, a 125 km de Fortaleza. “A intenção do reforço à Secretaria da Segurança Pública do Ceará é proporcionar que atuem para reprimir de forma exemplar a ação de grupos criminosos envolvidos na chacina”, disse o ministro Torquato Jardim ao fazer o anúncio. Ontem (29), ao menos dez presos morreram e oito ficaram feridos nesta segunda-feira (29) em uma briga de facções criminosas rivais registrada na Cadeia Pública de Itapajé .
RECUSA
No Pará, os números são de guerra, mas não há medidas de impacto anunciadas. “Há três anos, venho defendendo que o governador Simão Jatene solicite colaboração federal. A recusa é inexplicável”, diz o deputado estadual Carlos Bordalo (PT).
Inclusive, o ministro da Integração Nacional, Helder Barbalho, em julho de 2017, interveio junto aos ministros Torquato Jardim, da Justiça e Segurança Pública, e Raul Jungmann, da Defesa, que se dispuseram a enviar tropas da Força Nacional para o Pará, mas a ajuda foi recusada pelo governador Simão Jatene. O governo paraense teima em afirmar que a situação está sob controle, o que tem sido desmentido pelos números. Além das chacinas (quando várias mortes são registradas na mesma hora e com ligação entre elas), os registros de homicídios no Pará são cada vez mais assustadores.
E em 2018, vai se desenhado um cenário tão grave quanto o do ano passado, quando foram registradas 4.416 mortes violentas. A média diária foi de 12 mortes. Esse número corresponde a 52,8 registros por 100 mil habitantes, a maior taxa de homicídios da história do Estado. “Essa situação já justificaria uma ação conjunta das Polícias Civil, Militar e Federal”, afirma Rodrigo Godinho, presidente da Comissão de Segurança Pública da Ordem dos Advogados do Brasil, secção Pará.
SEGUP
Consultada pelo DIÁRIO sobre a possibilidade de pedir ajuda federal para as investigações de mortes no Pará, a Secretaria de Segurança Pública (Segup) informou que a Força Nacional de Segurança desenvolveu ações no Estado como o apoio de policiamento em unidades prisionais na cidade de Santa Izabel do Pará. A Segup não comenta os números de homicídios, mas afirma que no ano passado, mais de 26 mil pessoas foram apresentadas pelas Polícias Militar e Civil em delegacias de todo Pará, o que seria um indício de eficiência.
(Diário do Pará)
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