Ao andar pelas ruas de Belém e notar, a frequência, com que ocorrem pequenos acidentes com deficientes visuais (tropeços e quedas), o estudante paraense de Engenharia de Computação, Paulo Tassio Melo decidiu criar um projeto que pudesse evitar essas ocorrências que, muitas vezes, passam despercebidas pela sociedade. O projeto intitulado “AmazonBat – Luva Ultrassônica para Deficientes Visuais”, é um dos que representará o Pará, durante o VII Seminário de Pesquisa e III Jornada de Iniciação Científica da Estácio, evento que reunirá 120 trabalhos científicos do Brasil e exterior, no Rio de Janeiro, em outubro.
O Amazon Bat é um conjunto de equipamentos integrados que visa auxiliar os deficientes visuais a se localizarem e caminharem com mais independência, e principalmente, os ajuda a evitar acidentes. Ele funciona com a integração de uma luva com um sensor ultrassônico e emite uma onda magnética que ao encontrar algum obstáculo, volta com uma variação diferente. “Como ela retorna diferente, o sensor consegue captar o tempo que ela levou para chegar ao objeto e retornar. E assim descobrimos a distância que esse objeto está do sensor. Conseguimos então captar, em centímetros, a distância entre o sensor e o objeto”, explica estudante.
O equipamento também funciona por meio de um aplicativo para celulares que, Paulo pretende disponibilizar gratuitamente na internet. De acordo com o orientador do projeto, o coordenador do curso de Engenharia de Computação, Dr. Johelden Bezerra, ao contrário do que muitos pensam, deficientes visuais usam, bastante, celulares e isso foi comprovado por meio de uma pesquisa feita para nortear o projeto.
O aplicativo terá instalado, a princípio, os mapas fornecidos pelo Google e funcionará como um GPS: conforme o usuário vai andando na rua, ele tem a possibilidade de ouvir onde está, através do aparelho. Além disso, o criador também pensou nos familiares do usuário. Ao cadastrar o contato de uma pessoa da família, o sistema permite saber a localização do usuário. “O deficiente visual cadastraria o número de um parente ou pessoa próxima, no aplicativo, e de tempos em tempos (ele escolhe) o programa envia uma mensagem com a localização da pessoa cega. Tudo isso para proporcionar mais segurança ao seu parente, que pode ficar preocupado em saber onde ele está, naquele momento”, avalia Paulo.
O estudante conta que o projeto foi concebido pela inquietação. “Uma das coisas que mais cresce é a tecnologia assistida, para melhorar a vida da sociedade. E sempre notei a dificuldade de locomoção dos deficientes visuais e os pequenos acidentes diários, e foi daí que surgiu a ideia de criar esse equipamento. Muitas vezes, sem querer, as pessoas esbarram em alguém ou a bengala passa entre as pernas de terceiros, alguns ficam constrangidos e nem todos sabem compreender a situação”, explica Melo.
O estudante reconhece que há outras alternativas para guiar os deficientes visuais, como o cão guia, mas ele demora cerca de dois anos para ser treinado, e custa aproximadamente 30 mil reais. E segundo Paulo, o grande diferencial, é que o projeto é economicamente viável, com baixo custo e revela que gastou com a confecção material da luva, cerca de R$ 120,00. Com o apoio da Estácio, o aluno analisa a proposta de patentear o produto. As expectativas do autor são as melhores possíveis.
O VII Seminário de Pesquisa e III Jornada de Iniciação Científica da Estácio, que será realizado no próximo dia 24 de outubro, no Rio de Janeiro. O evento científico é hoje um dos maiores do gênero em curso no país e congrega simultaneamente apresentação de trabalhos de pesquisa, iniciação científica, dissertação de mestrado e teses de doutorado, além da exibição de protótipos. Este ano, foram recebidos 1.818 trabalhos de 121 instituições de ensino do Brasil e do exterior, além de trabalhos vinculados a hospitais e institutos de pesquisa. No total, 687 foram aprovados, sendo que 413 estarão no seminário.
(DOL)
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