O projeto de resgate e criação de pássaros e bichos juninos, coordenado pela guardiã Laurene Ataíde, está de volta. Agora, para ajudar a criar dois novos cordões de pássaros: a Arara Azul, em Canaã dos Carajás, e a Arara Vermelha, em Parauapebas.
As atividades, que já iniciaram desde dezembro, contam com o patrocínio, via edital e também Lei de Incentivo à Cultura, do Instituto Cultural Vale, que está apoiando mais de 145 projetos por todo o país.
Laurene Ataíde é uma das principais articuladoras de fomento e visibilidade dos pássaros juninos, considerada uma manifestação genuinamente paraense e que voltou a ganhar destaque depois dos I e II Festivas de Pássaros e Outros Bichos, realizados respectivamente nos anos de 2016 e 2017, na capital paraense.
Para ela essa manifestação cultural não pode parar. Por si só, a cultura dos pássaros juninos já é uma forma de resistir, já que resgata a história de um povo, traz mensagens de preservação da natureza, ajuda aos jovens, adultos e crianças a terem confiança em si próprios e a participarem de forma ativa na arte, a manter uma tradição cultural, além de trazer benefícios à economia local.
“É muita alegria poder retornar com as oficinas. Esse circuito é importante pra nós, pois, vamos levar os pássaros juninos às comunidades que precisam ter momentos lúdicos como esses. Levar essa manifestação para lugares onde não existe, onde o povo não conhece, é de grande relevância”, afirma a guardiã que reinventou o Cordão de Pássaro Colibri de Outeiro para que pudesse continuar com as atividades no formato virtual durante a pandemia.
“A Amazônia possui uma fauna exuberante. Uma rica variedade de pássaros e um imaginário colossal traduzido em sua cultura. Para o Instituto Cultural Vale, que foi criado para a salvaguarda de nossos bens culturais e levá-los a mais pessoas, é uma alegria estar ao lado do Cordão de Pássaro Colibri do Outeiro nesse belo trabalho que vai levar a tradição dos cordões de pássaros para Parauapebas e Canaã dos Carajás. Que, juntos, possamos preservar esta manifestação popular folclórica paraense e mantê-la viva, encantando a todos por onde passa”, afirma a gerente do Instituto Cultural Vale, Christiana Saldanha.
As oficinas vão iniciar em janeiro e contam a orientação de Laurene, que além das instruções sobre a criação e importância dos cordões de pássaros, fará a entrega dos materiais necessários à confecção de indumentárias e adereços que serão usados nas encenações dos grupos. As oficinas seguem até março e finalizarão com apresentações nas comunidades de Canaã, Parauabepas e também em Belém.
A história da Ópera cabocla
O teatro do pássaro ou teatro caboclo como também é conhecido, tem sua origem no Theatro da Paz, quando ainda no rico período da borracha, vinham as grandes óperas europeias para se apresentarem na capital paraense. Para estudiosos e pesquisadores acadêmicos, a população carente viu as óperas e começou a reproduzir, mas do lado de fora do teatro.
Uma outra explicação para a origem dessa cultura popular é que foi uma readaptação feita por negros alforriados e viúvas que iam para as óperas com o intuito de vigiar as filhas dos senhores da borracha, dentro do Theatro da Paz. É chamado de ópera cabocla porque os personagens encontrados nas histórias são do universo da corte real, como a rainha, as princesas, os reis, os duques, fadas, mas também estão presentes as figuras dos caboclos, dos índios e diversos personagens das lendas amazônicas.
Ninguém consegue precisar o porquê dos pássaros. Acredita-se que seja por causa da riqueza da fauna da nossa região ou de algum espetáculo que tenha trazido algum pássaro para dentro do teatro. A ópera cabocla mescla teatro e a música, feitas a partir do imaginário popular.
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