A Coordenação Estadual de Zoonoses da Secretaria de Estado de Saúde (Sespa Pará) registrou, só este mês, 73 acidentes com cobras; 29, com escorpião e 13 na categoria “outros”, leia-se, acidentes com peixes em que 90% dos casos estão relacionados às arraias.
Os números poderiam ser maiores, pondera a médica veterinária técnica da Secretaria, Elke Abreu, esclarecendo que há uma subnotificação em geral. É que apenas em casos graves, que exigem procedimento hospitalar, a informação chega ao sistema estadual.
Os Bombeiros têm um registro próprio e em casos de apenas primeiros socorros, a informação não chega à Coordenação de Zoonoses. “Os bombeiros têm missão nobre. Eles salvam vidas nas águas e ainda prestam atendimento de primeiros socorros. Mas em ocorrências leves que não exijam procedimento hospitalar, essa informação fica no âmbito da corporação, que tem uma ficha específica para seus registros, ela não chega ao sistema de informações observado pela Coordenação Estadual de Zoonoses’’, frisou a médica veterinária Elke Abreu.
Cacos de vidro, latinhas de cerveja enferrujadas, cobras, escorpiões, arraias, bagres e aranhas. Eis os principais causadores de acidentes nessa temporada de julho em praias, matas e igarapés. “Vi praias muito sujas, se não bastasse o lixo, temos os nossos peixes. É preciso entender que, no caso dos animais, somos nós os intrusos, eles estão em seu habitat natural, temos de ter cuidado e atenção, sobretudo com as crianças’’, disse a veterinária.
Elke Abreu explicou que animais peçonhentos são aqueles que produzem substância tóxica e apresentam estruturas especializadas para inoculação deste veneno. Isso se dá por comunicações das glândulas produtoras de veneno, com dentes ocos ou sulcados, ferrões ou aguilhões, por onde o veneno passa ativamente. Acidentes ofídicos ou ofidismo é o quadro de envenenamento decorrente da inoculação de toxinas através do aparelho inoculador (presas).
Os principais animais peçonhentos de importância em saúde pública no Brasil são as serpentes dos gêneros Bothrops (jararaca, jararacuçu, urutu, cotiara, caiçaca), Crotalus (cascavéis), Lachesis (surucucu, surucucu-pico-de-jaca) e Micrurus (corais verdadeiras); os escorpiões do gênero Tityus e algumas aranhas dos gêneros Loxosceles (aranha marrom), Phoneutria (armadeira) e Latrodectus (viúva-negra).
‘’O Pará apresenta uma média anual de 5 mil acidentes com serpentes, 1.800 acidentes com escorpiões e 300 com aranha. Os acidentes com serpentes acontecem mais frequentemente no campo, enquanto que os com escorpiões e aranhas têm característica urbana, porém no Pará, os acidentes com escorpiões tem uma frequência predominantemente rural (70%), pois a espécie Tytyus obscurus, tem perfil diferente dos demais escorpiões do País’’, diz o trecho do mais recente boletim da Coordenação Estadual de Zoonoses.
“Meu filho se acidentou com um bagre há dois anos num laguinho de água salgada, no Atalaia. Corri para os Bombeiros. Foram atenciosos e o atenderam, de imediato, nesse caso, aplicando ácido acético. Não houve complicação’’, recordou a própria Elke Abreu, lembrando que ferradas de arraias devem ser lavadas com água quente, enquanto o ferimento com água viva deve ser lavado com água gelada e salgada, nunca doce; também pode se usar bolsas com gelo.
A dor de um ferrão de arraia é grande, disse a médica. Às vezes, o ferrão fica na área interna do corte e, não se deve puxar com as mãos. ‘’Nestes casos, deve-se correr para o médico, ele aplicará anestesia para diminuir a dor, pode pedir um raio-x e, com certeza, ministrará um antibiótico’’, diz Elke Abreu.
(Fonte:ORM)
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