Uma das maiores preocupações da dona de casa Adriandra Almeida, de 28 anos, é a brincadeira favorita do pequeno Andrei, de 9 anos: a pipa. É nesse período do mês de julho que a prática de “empinar” se torna mais comum, devido às férias escolares. No entanto, uma simples diversão pode ser perigosa, principalmente quando ela é praticada próximo à fiação da rede de energia elétrica. Por isso, Adriandra procura estar por perto do filho enquanto ele brinca. “Me preocupo muito, por que ele quer levantar a pipa em qualquer lugar e eu sei que é arriscado”, explica.
De acordo com Alex Fernandes, engenheiro executivo do setor de Segurança do Trabalho da Celpa, quando a brincadeira não é praticada de forma adequada, pode provocar prejuízos e até a morte. Entre os prejuízos estão as interrupções do fornecimento de energia, onde a principal prejudicada é a população. Segundo Alex, somente no mês de junho, foram registrados 1.352 casos de interrupções no Estado causados pelo contato de pipas com a fiação elétrica.
No mesmo período do ano passado, foram 626 casos. O engenheiro diz que a energia elétrica é um fator de risco muito grande. “E, quando associada à brincadeira, a principal consequência é a descarga elétrica, que pode provocar acidentes com queimaduras e pode levar à morte”, explica. Caso a pipa enrosque no fio elétrico, a orientação é deixá-la e largar a linha.
Se houver o contato de um fio com o outro, há um curto-circuito e a descarga elétrica pode se propagar pela linha do brinquedo. Fernandes diz, ainda, que o bairro do Tapanã lidera o ranking de maiores índices de interrupções de energia. Há duas semanas, grande parte da população belenense ficou cerca de 20 minutos sem energia devido a um acidente envolvendo pipa e a descarga elétrica naquele bairro.
SISTEMA ANTIGO
Além disso, os bairros da Cidade Velha, Reduto e Campina também estão no ranking da Região Metropolitana. Em áreas arborizadas, Alex afirma que a fiação é protegida. No entanto, nos bairros periféricos, o sistema ainda é antigo. No ano passado, a Celpa teria investido R$ 150 mil com a limpeza das redes que tiveram pipa enroscada. “Apesar das campanhas de alertas durante todo o ano, os índices de acidentes não diminuem”, alerta Alex. “As pessoas precisam perceber que as linhas de distribuição são perigosas para a população”, reforça o engenheiro eletricista.
EM NÚMEROS
1.352 interrupçõesno fornecimento de energia foram registradas no Pará, devido ao contato de pipas com a rede elétrica, somente no mês de junho deste ano. No ano passado, esse número foi menor que a metade, com 626 casos registrados.
(Diário do Pará)
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