O preço do minério de ferro voltou a cair e começa a se encaminhar para um nível mais em linha com o aquele que agentes do mercado esperam. Hoje, os preços do produto com teor de 62% de ferro, entregue no porto chinês de Qingdao, acumula queda de 6% desde o dia 12 de julho, segundo dados da Metal Bulletin.
O principal motivo para a expectativa de enfraquecimento na cotação é a dinâmica entre oferta e demanda. Apesar do repique na produção das siderúrgicas da China, maiores compradoras de minério do mundo, a estimativa ainda é de desaceleração da expansão econômica no país, o que levaria a um volume fabricado menor.
No lado da oferta, o projeto australiano Roy Hill segue ampliando as exportações, conforme avança o ramp-up do empreendimento, e a expansão das operações da Rio Tinto em Pilbara, também na Austrália, já são uma certeza. Para o começo de 2017, está marcada a primeira venda comercial do S11D, da Vale.
A Rio Tinto anunciou produção de 80,9 milhões de toneladas em Pilbara no segundo trimestre, mas vendas de 82,2 milhões. Ou seja, a anglo-australiana está se desfazendo de estoques. Apesar do resultado abaixo das expectativas, a projeção de 330 milhões de toneladas em vendas foi mantida para 2016.
As ações das principais mineradora caíram. Parte desse movimento se deveu a um movimento atípico no mercado futuro do minério. Pela manhã de ontem, os preços em Xangai chegaram a desabar, com queda de 11%, mas se recuperaram no fim do dia. Em Cingapura, os contratos mais
negociados, para setembro, caíram 1,3%, para US$ 50,40. Em Chicago, de 2,4%, para US$ 49,80.
A Vale também foi impactada por esse desempenho e fechou o pregão da BM&FBovespa em desvalorização. Os papéis ordinários caíram 4,21%, para R$ 16,84, e os preferenciais de classe A perderam 2,84%, cotados em R$ 13,68. Hoje (20), perto de meio-dia, as ações preferenciais apresentavam alta de 0,95%.
Segundo Carsten Menke, analista de commodities do banco suíço Julius Baer, o excesso de oferta é estrutural e deve fechar 2016 em 37 milhões de toneladas. Ele está no time de quem acredita que até fim do ano os preços da commodity vão cair, devido ao volume bem acima da procura. Entre US$ 40 e US$ 45 a tonelada é o nível que Menke crê como sustentável no médio prazo.
Na semana passada, porém, a tendência era inversa, de alta, e o minério tocou em US$ 60. A valorização do aço na China e alguns desligamentos de usinas siderúrgicas pontuais levaram ao otimismo dos compradores.
Assim como o analista do Julius Baer, o BTG Pactual, em relatório, alerta: menor capacidade de aço potencialmente significa redução na procura pelo minério. Nos cálculos do banco, no quarto trimestre o preço médio da commodity chegará a US$ 40, patamar que deve manter durante 2017. Outro ponto que pressiona o minério é o grande volume de estoques em portos chineses. Desde outubro, cresceram 40% e já somam 109 milhões de toneladas. É o maior patamar
desde o fim de 2014.
Fonte: Jornal Valor Econômico.
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