Com o período chuvoso na Amazônia o Projeto Biomas inicia a segunda fase do plantio dos experimentos no sudeste do Pará. Em janeiro e fevereiro foram plantadas 11.500 mudas de espécies florestais – entre paricá, mogno, freijó, andiroba, tatajuba, ipê, castanheira e outras.
E os primeiros resultados já surgiram, com a colheita de aproximadamente 20 toneladas de mandioca de áreas de Sistemas Agroflorestais.
Executado pela Embrapa e Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), com a parceria de instituições de pesquisa, ensino e extensão nos seis biomas brasileiros, o projeto tem o objetivo de plantar árvores para recuperar, proteger e promover o uso sustentável de propriedades rurais, além de validar e aprimorar o Código Florestal Brasileiro.
Em 2014, o Projeto Biomas plantou pouco mais de 15 mil mudas de espécies florestais nas áreas dos subprojetos de pesquisa na região.
De acordo com Alexandre Mehl Lunz, pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental e coordenador regional desta iniciativa, o projeto atua nas áreas de preservação permanente (APPs) – que são áreas totalmente protegidas, como as nascentes, o leito dos rios, matas de encostas, topos dos morros, entre outras áreas mais vulneráveis; nas áreas de reserva legal (ARLs) – que são as áreas que o produtor não pode desmatar, mas pode manejar e utilizar de forma sustentável; e nas áreas de sistemas de produção (ASPs), aquelas destinadas aos plantios e pastos.
“O plantio de árvores recupera e protege APPs, torna as áreas de reserva legal mais produtivas com o manejo de espécies frutíferas e madeireiras, por exemplo, e compõe os sistemas de produção”, explica o pesquisador.
Para garantir a produção de mudas que serão plantadas até 2017 é necessário um rigoroso cronograma de produção no Laboratório de Sementes Florestais da Embrapa Amazônia Oriental.
A pesquisadora Noemi Leão, coordenadora do laboratório, explica que para produzir uma boa muda é preciso seguir alguns passos: selecionar árvores matrizes, coletar sementes a partir de várias matrizes, observar o ponto ótimo de maturação fisiológica das sementes, ter o cuidado adequado para cada espécie no viveiro e embalagem específica de acordo com o tamanho das sementes.
“No final de 2014 entregamos na área do projeto Biomas, em Marabá, 19 mil mudas de 30 espécies arbóreas que serão plantadas ao longo desse ano”, conta a pesquisadora.
Pesquisa – Na Amazônia, o Projeto Biomas foi implantado em duas áreas: uma área experimental de 36 hectares, na Fazenda Cristalina, em São Domingos do Araguaia, região metropolitana de Marabá; e uma área de referência na Fundação Zoobotânica de Marabá, sudeste paraense. São 22 subprojetos, envolvendo cerca de 80 pesquisadores de 11 instituições brasileiras de pesquisa e ensino.
O projeto busca validar tecnicamente os parâmetros estabelecidos na legislação brasileira sob o ponto de vista da produção e da preservação. Na Amazônia, o Código Florestal prevê reserva legal de 80% da área de floresta.
Para as áreas de produção agropecuária ficam 20. Nessas áreas o projeto testa os sistemas silvipastoris, que aliam a criação de gado ao plantio de floresta, e os agrosilvipastoris, incluindo a agricultura no sistema. A principal tecnologia implantada nas áreas experimentais do projeto é a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta.
Além disso, desenvolve trabalhos com a identificação de bioindicadores de fornecedores de serviços ecossistêmicos, utilização de microrganismos para indução de crescimento de árvores, avaliação hidrológica e monitoramento climático da microbacia, e ainda busca estabelecer parâmetros para a recuperação de áreas alteradas na Amazônia para sua valorização ecológica e econômica.
(Diário do Pará)
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