Antes de iniciar a sessão ordinária desta terça-feira (19) da Câmara Municipal de Parauapebas, o presidente da Casa, Ivanaldo Braz (SDD), concedeu a palavra para quatro representantes da população usarem a tribuna.
O primeiro a falar foi o coordenador municipal de Saúde Mental, Wagner Caldeira, seguido de um paciente do Centro de Atenção Psicossocial (Caps), Antônio dos Santos. Posteriormente, foi dada a palavra à presidente do Conselho Municipal de Saúde, Leonice Oliveira. E, por fim, ao estudante Henrique da Conceição.
Luta antimanicomial
Wagner Caldeira usou a tribuna para falar sobre a comemoração ao Dia da Luta Antimanicomial, comemorado em 18 de maio, e da necessidade de proporcionar um tratamento mais humanizado para as pessoas com transtornos mentais.
Parauapebas possui apenas um Caps, que é um serviço destinado a prestar atendimento às pessoas com transtornos mentais e também a dependentes de álcool e outras drogas. A repartição pública, que dispõe de uma equipe multiprofissional, oferece acompanhamento clínico e reinserção social aos usuários, bem como apoio em seus momentos de crise.
Segundo Wagner Caldeira, Parauapebas precisa de pelo menos mais duas unidades de Caps, pois a atual, que presta atendimento a cerca de 1.600 pessoas, já não é suficiente para atender à demanda da cidade. Tão necessária quanto a estrutura física é a conscientização da sociedade no intuito de combater o preconceito e promover a inclusão das pessoas que possuem transtornos mentais.
“Defendemos o direito à liberdade, o direito à fala. Nossa política é baseada nessas premissas. Viemos à Câmara pedir apoio dos vereadores e da população para implantação desse serviço [Caps], pois o trabalho começa com a sensibilização da comunidade e dos vereadores”, relatou o coordenador municipal de Saúde Mental.
Antônio dos Santos também pediu apoio dos vereadores para implantação de novas unidades do serviço. “Espero que o poder público ofereça melhores condições para todos os usuários, porque a população vê a gente de maneira diferente, mas nós somos capazes, desde que sejamos acolhidos. O Caps proporciona condições dignas de tratamento, não só através de medicação, mas com oficinas e outras atividades para que essas pessoas sejam entregues às suas famílias e não fiquem internadas. O que queremos é ser inseridos na sociedade. Quando se fala em saúde mental é muito difícil aceitar. Até os próprios familiares têm preconceito. Tem que mudar a forma que a sociedade vê quem tem transtorno. Não é louco, só precisa de atenção e carinho. Quando vocês verem uma pessoa com transtorno olhem para ela como um ser humano”, pediu.
Semana da Enfermagem
Leonice Oliveira usou a tribuna para falar das ações realizadas durante a Semana da Enfermagem. O evento, que teve início no último dia 11, é organizado em alusão ao Dia Mundial do Enfermeiro (12/05) e ao Dia Nacional do Técnico de Enfermagem (20/05).
A presidente do Conselho Municipal de Saúde fez um balanço das lutas da categoria e ressaltou o quanto os profissionais da enfermagem (auxiliares, técnicos e enfermeiros) são necessários para atender às pessoas nos diversos setores da saúde. “Quem faz uso das unidades de saúde, do hospital, sabe do papel do enfermeiro. É o primeiro a ser chamado”, reforça.
Uma das principais lutas da categoria atualmente é pela equiparação do percentual de insalubridade do Sistema Único de Saúde (SUS). “Enfermeiro ganha 20% e os demais ganham 40%. Queremos equiparar”, relatou.
Leonice Oliveira informou ainda que a categoria está preparando uma pauta com reivindicações para apresentar aos vereadores e espera contar com o apoio da Casa na luta por melhorias para estes profissionais e consequentemente no atendimento com mais qualidade para a população.
Greve dos professores
A greve dos professores da rede estadual de ensino, que se aproxima dos 60 dias, foi o tema abordado pelo estudante Henrique da Conceição. Acompanhado por dezenas de outros estudantes, que protestaram com cartazes e gritos de reprovação à atuação do governo estadual, o rapaz apoiou a greve dos professores e criticou o que ele considera como “negligência” e “descaso” com o qual a educação é tratada no Estado do Pará.
“Não queríamos estar aqui, mas é um absurdo que num dos estados mais ricos do país estejamos sem aula há quase dois meses. Não somos palhaços, não estamos pedindo favor, é um direito constitucional. A greve é justa porque a valorização profissional, que é a base do país, é tratada como lixo; a luta deles é justa. Dizer que a educação está há dois meses em greve é controverso, porque a educação está sempre em greve, mesmo quando tem professor falta estrutura e material didático. Educação é um direito constitucional, e o que nós queremos é apenas que este direito seja respeitado. Todos os estudantes e todos os professores devem ser respeitados”, destacou o estudante.
Texto – Nayara Cristina/Ascomleg
Fotos – Coletivo Dois.8/Ascomleg
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